sexta-feira, 24 de abril de 2009

The Fall of Men (ou "Um pouco de bromance não faz mal")

- Fala!
- Oba.
- Ouvindo o que?
- Radiohead.
- Hum... Não é Tom Waits, nem Chet Baker. Muito menos aquele maldito acústico do Alice in Chains.
- Não fala assim. Amo aquele disco.
- Aquela porra é um soco no peito, pior que heroína.
- Já avisei que me mato quando quebrar meu recorde de quinze repetições ininterruptas de "Nutshell".
- Sei... Enfim, o que quis dizer é que tem volta. Vai lá, conta. O que ocorreu?
- Lembra da garota de sexta passada?
- Sim.
- Então, mandei um e-mail pra ela no domingo. A cocôzenta não respondeu até agora.
- Ué, isso faz uma semana somente. Vai ver ela não leu.
- Fala sério!
- Bom, sei lá?! qual o problema se ela não respondeu?
- Ah, cara... Pôxa, eu mandei um e-mail super divertido. Gastei todo o meu carisma, mostrei todo meu interesse sem parecer desesperado, fui inteligente sem ser pedante, suscitei que estava solteiro, mas não solitário... Fui o que manda o manual. Tudo isso pra quê?! Pra passar em branco sem nem um "me esquece" ou um "me erra"?!
- Cara, mulher é assim mesmo.
- Ahhh, que inferno. Cansei disso! É muito querer uma menina interessante, bonita e inteligente, que esteja afim de um relacionamento sério, sem a necessidade de terminar tudo na cama, fodendo como coelhos? Por que é tão difícil achar uma gata pra me chamar de "seu"?
- Se soubesse a resposta pra isso, estaria rico.
- Sabe, tento sair todo dia o mais bacanudo possível, jogo todo o meu charme pra poder chegar junto, tento bater um papo bacana, falar de todos os assuntos mais interessantes que sei, literatura, música, cinema, arte, design... Tudo! No final, só consigo levá-la pra casa e comê-la de pé no banheiro. DE PÉ! Nem pra transar deitado, com beijinho na boca.
- É foda.
- Diabos... Queria uma paixão. Uma paixão e uma chance de transformar isso em amor.
- Meu, tudo a seu tempo. De qualquer forma, deixa isso pra lá. Levanta essa cara. Mulher não é tudo na vida.
- Mas, caramba, faz falta. Tô muito carente ultimamente.
- Brother, olha pra você! Responda-me se um rapazote como você deveria estar penando na vida atrás dessas "qualquer"? Pelamordedeus!
- ...
- Meu, tu é um cara gente boa, sangue bom, engraçado, boa pinta, com uma lábia pra ganhar até a mina do apartamento 82, inteligente, culto, descolado. Cara, tu tem tudo na vida. Levanta essa bola, meu camaradinha.
- Será...? - sniff -
- Hey, hey...! Enxuga essa lágrima! Não admito você chorando na minha frente. Tu não merece passar por isso. Tu é o cara mais nota 1.000 que já conheci. Tu tem motivos pra só andar sorrindo pelo mundo afora.
- É... Acho que sim.
- Claro. E eu lá sou cara de contar mentira?!
- Pô! Valeu, truta. Bom saber que posso sempre contar contigo.
- Demorou. Agora, pra espantar essa urucubaca toda, vamos assistir "Segurando as Pontas"?
- De novo?!
- É.
- Tá. Só se for agora. Vamos parar no supermercado pra comprar as brejas e Doritos.
- Vamo aê. Agora, vê se joga um Fela Kuti nesse som, doido.
- Já é. Tu tem um fino contigo?

2 comentários:

Tereza disse...

Heyyy, I´m here! Adorei o texto! Let´s try to write together alguém? Sem CEAUT ao telefone? Bjos, bom findi!

Tereza disse...

Gui... kd novos posts?