sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Unattainable

O tempo passou. Porém o mundo não girou, a página não virou, a vontade não cessou e a dor não passou. Sinto como se tivesse permanecido sentado no cinema, aguardando o início da continuação ou de alguma refilmagem hollywoodiana. Porém, não vejo mais espaço pra essa história. Sei que sou o único nessa fila.
Tenho andado sem respostas. Porém, compenso com perguntas. Tenho-as aos montes. Por não conseguir dormir, o que mais tenho feito é colher dúvidas da minha cabeça. Ou será que não durmo exatamente porque minha mente não para?
Começo a crer que o pensar se assemelha muito a uma doença degenerativa. Os efeitos a longo prazo são devastadores. No início, sente-se algumas leves fisgadas durante o dia, como pequenas agulhas realizando o trabalho inverso de um acupunturista. Logo após, perde-se a noção de tempo e espaço. Depois, o corpo não reage mais aos mesmos estímulos de antes. Com o tempo, o mundo parece se tornar uma alucinação, e o irreal passa a figurar no lugar do que já foi, um dia, real.
Enfim, talvez tenha Mal de Alzheimer... É, creio que não. Sempre achei mais provável que tivesse autismo. E, não, não um autismo à la Rain Man, sou péssimo com números. Meu espectro autista poderia ser caracterizado como uma premente incapacidade de se comunicar ou estabelecer relacionamentos, uma completa inabilidade em responder segundo as normas usuais (reparem: USUAIS) e um enclausuramento a um comportamento bem restrito. Por tudo que aconteceu, notei que não mantenho o que dou início, deixo tudo encerrar de forma inadequada e abrupta. Afora que, além da péssima comunicação verbal, creio nunca ter conseguido manter contato visual com alguém. Tenho pavor a me relacionar sem critérios, a englobar nomes na minha agenda sem nenhum controle. E, o mais assustador, clinicamente falando, tenho preocupação insistente com um dado padrão estereotipado (tradução: não paro de fazer merda).
Assim como o caso do Alzheimer, o autismo também deve ser mais uma suposição ridícula. Assustadoramente convincente, mas fictícia.
Creio que o consumo exagerado de tendências suicidas, remorso, angústia, solidão e desamparo tem tido efeito pior que as tantas garrafas que tenho esvaziado...

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